ALMA QUEIMADA
A serra dita da Estrela, O verde que tudo acalma, As estradas que a rodeiam, A fauna que lhe pertence, A água gelada que corre, São o alimento da alma. O coração vibra, sofre, A alma está queimada, O verde torna-se negro, As estradas, sem continuação, O fumo trás a cegueira, Não deixando ver mais nada. A ave de rapina, o coelho, a raposa, As árvores, o mato, a flor campestre, Gritam bem alto sua dor, Perante a indiferença do homem, Que queima, tortura ,destrói, Cava a própria sepultura, Cria um mundo de horror. Carlos Cardoso Luís |
ARRUMA DOR
Dótor tem aqui um lugar. Pode, pode, pode, tá bom, Voz entaramelada quase sem som. Cinquenta cêntimos, um euro, Dois euros, dez euros, dentro da saca, Seringa á espera não aguenta a ressaca. Manhã começou com a mesma pose, A noite chegou, vai na terceira dose. Caminha errante pela estrada da ilusão, Labirinto de dor e emoção. O corpo ainda mexe, a mente parou, A miséria social, o pó Que lhe corre nas veias, Dia a dia o agarrou. Cada picada que sente, Directa no coração, Está a sofrer,não mente. Quer fugir da droga, Espera a salvação. Carlos Cardoso Luis |